Posse dos novos ACS

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Casos de câncer de colo de útero podem superar o número estimado pelo Inca

Para especialista, projeção feita pelo instituto ainda é conservadora e pode ser superior aos 17,5 mil casos previstos

 

O Brasil pode fechar o ano com um número de casos de câncer de colo de útero muito superior aos 17,5 mil estimados pelo Instituto Nacional do Câncer (Inca). Apesar do número já ser alarmante, o diretor do Instituto Oncoguia, Rafael Kaliks, considera a projeção do Inca conservadora. " Existe uma variabilidade muito grande do número de casos por 100 mil habitantes entre os estados e não tem motivo para uma região ter muito maior incidência do que outra. Existem locais onde os números não estão sendo documentados de forma adequada" , afirmou o oncologista.
Kaliks destaca, por exemplo, a situação da doença na Região Norte do país, onde o câncer do colo de útero ainda é o que mais mata mulheres. "É mais comum que o câncer de mama. Se pensarmos que se trata de um câncer que se pode prevenir e que ninguém deveria morrer por esta doença, já que com a detecção precoce existe cura, é uma tragédia permitir que esta seja a principal causa de morte por câncer na região", explica.
Para o diretor do instituto, que é responsável pela divulgação de informações sobre vários tipos de câncer, apesar de todos os esforços que o governo vêm fazendo desde a década de 1990, os casos da doença estão aumentando. Kaliks elenca duas razões para o cenário estabelecido. A primeira delas é a baixa adesão das mulheres ao exame de papanicolau. " Ou o papanicolau não está sendo feito nunca ou está sendo feito de forma irregular. O segundo motivo é que mesmo que uma mulher seja diagnosticada em determinadas regiões, até que ela seja tratada, podem se passar meses e até um ano. E, nesse período de atraso do tratamento, a doença acaba se espalhando ou se tornando intratável. Quando a mulher chega para operar ela não é mais operável e acaba morrendo pela doença", conclui.
Prevenção
O oncologista diz ser inaceitável que uma mulher morra por esse tipo de câncer em pleno século 21 e defende a inserção da vacina contra o HPV no calendário de imunização da rede pública de saúde. O vírus do papiloma humano é o principal responsável pelo câncer do colo de útero. " Além da educação sexual, o uso da vacina pode diminuir em 90% ou mais o risco do aparecimento de lesões pré-malignas. O mundo inteiro está aderindo a essa vacina" , disse Kaliks.
O Ministério da Saúde garante que as negociações com os laboratórios estão em andamento. " O Programa Nacional de Imunização do Brasil é um dos mais completos do mundo. Temos agora três vacinas que estão sob análise: vacina contra hepatite A, contra varicela e contra HPV. Antes de incluir uma vacina, o Ministério da Saúde tem que fazer vários estudos porque precisamos zelar pelos recursos da área, que já são menores do que deveriam ser e temos que ter a certeza que cada vacina vai representar um avanço na saúde das pessoas" , explicou Jarbas Barbosa, secretário de Vigilância em Saúde, do Ministério.
Pelos cálculos do MS, hoje são gastos R$ 1,6 bilhão em todo o programa de vacinação. A nova vacina representaria R$ 700 milhões só no primeiro ano. " A vacina já reduziu bastante o preço porque ela foi um relativo fracasso no mundo. Essa vacina só foi implementada em cerca de 30 países. É uma vacina injetável, que precisa de três doses. Não é uma bala de prata mágica que a pessoa toma uma dose e fica protegida do câncer" , disse Barbosa, alertando que, mesmo imunizadas, as mulheres precisam continuar se submetendo aos exames periódicos.
O secretário destacou que a vacina pode apresentar impactos concretos apenas daqui a 30 anos, já que os testes, segundo ele, mostram eficiência apenas entre meninas de 9 a 12 anos de idade. " A vacina não teria qualquer impacto sobre os casos deste ano. A preocupação principal deve ser com a saúde da mulher. Pensar quais as barreiras que, apesar dos avanços na ampliação da cobertura, existem. Em alguns lugares é a dificuldade de acesso, algumas barreiras culturais ou de falta de informação" , ponderou Jarbas Barbosa.

Nenhum comentário:

Postar um comentário